Dólar Cai Forte Após Dados Fracos de Emprego; o Fed Cortará Juros no Próximo Mês?

O dólar americano continuou em queda nesta segunda-feira, ampliando as fortes perdas de sexta-feira após um decepcionante relatório do mercado de trabalho dos EUA que reforçou as expectativas de cortes antecipados de juros pelo Federal Reserve.
Às 04h20 ET (08h20 GMT), o Índice Dólar — que mede a moeda frente a seis principais divisas — caía 0,2%, para 98,722, após recuar mais de 1% na sexta-feira.
O relatório de sexta-feira mostrou que as folhas de pagamento não agrícolas cresceram apenas 73 mil em julho, bem abaixo das expectativas, além de revisões significativas para baixo nos dados de maio e junho. A taxa de desemprego subiu para 4,2%, intensificando as preocupações com o desaquecimento do mercado de trabalho. Como resultado, os mercados agora precificam 90% de probabilidade de corte de juros pelo Fed em setembro.
Essa mudança de sentimento derrubou os rendimentos dos Treasuries, com o título de 2 anos caindo para a mínima de três meses em 3,6590%, e o de 10 anos operando próximo da mínima de um mês em 4,2493%.
Somando-se à fraqueza do dólar, veio a inesperada renúncia da governadora do Fed Adriana Kugler, abrindo espaço para que o presidente Trump indique um substituto mais dovish — potencialmente aumentando a pressão interna sobre o presidente do Fed, Jerome Powell, para adotar uma postura mais acomodatícia. Analistas do ING observaram que tais desenvolvimentos podem adicionar prêmios de risco extras aos ativos americanos, especialmente antes dos leilões do Tesouro desta semana, que totalizam US$ 125 bilhões em diferentes vencimentos.
Enquanto isso, o presidente Trump também demitiu a comissária do Bureau of Labor Statistics, Erika McEntarfer, acusando-a — sem apresentar provas — de manipular os dados de emprego. A medida aumentou ainda mais a inquietação dos mercados, já preocupados com a credibilidade dos relatórios econômicos dos EUA.
Euro Mira 1,1700 com Mercado de Trabalho Forte
O euro recuava 0,2%, para 1,1563, nesta segunda-feira, devolvendo parte dos ganhos de sexta-feira. Ainda assim, analistas projetam continuidade no movimento de alta da moeda.
“Com um fundo-chave formado próximo de 1,1400, esperamos forte interesse de compra na faixa entre 1,1500 e 1,1520, com 1,1700 como um alvo razoável de curto prazo”, disse o ING.
Apoiando as perspectivas para o euro, o número de desempregados registrados na Espanha caiu 0,1% em julho, para 2,40 milhões — o menor nível desde junho de 2008.
Libra Recua, Franco Enfraquece Mais
O GBP/USD caía 0,1%, para 1,3274, mostrando reação limitada à fraqueza mais ampla do dólar.
Enquanto isso, o USD/CHF subia 0,6%, para 0,8085, já que o franco suíço ficou sob pressão após a imposição de tarifas elevadas dos EUA sobre bens suíços. Segundo o ING, caso essas tarifas sejam mantidas, podem se somar às pressões deflacionárias já existentes, com o CPI suíço oscilando próximo de 0%.
Iene Recuo, Enquanto Dólar Australiano e Yuan Avançam
O USD/JPY subia 0,3%, para 147,94, à medida que o iene devolvia parte dos ganhos da semana passada impulsionados por fluxo de porto seguro. A moeda havia se valorizado na sexta-feira em meio a crescentes tensões geopolíticas e aumento da aversão ao risco.
Em outros pares, o AUD/USD subia 0,1%, para 0,6482, enquanto o USD/CNY recuava 0,5%, para 7,1763, após comentários do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que disse estar “otimista” quanto a um possível acordo comercial com a China.