Euro enfrenta pressão na Ásia enquanto o dólar ganha novo fôlego
O par EUR/USD recuou em direção a 1,1635 durante a sessão asiática de quarta-feira, pressionado pelo otimismo renovado em torno dos avanços nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China e pela postura cautelosa dos investidores antes das reuniões dos principais bancos centrais. O euro (EUR) sofreu leve pressão de venda frente ao dólar americano (USD), já que os investidores buscaram a segurança da moeda norte-americana enquanto aguardavam a decisão de juros do Federal Reserve, prevista para mais tarde, e a atualização de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), marcada para quinta-feira.
O sentimento do mercado melhorou levemente após comentários encorajadores de autoridades dos EUA sobre o progresso das negociações comerciais com a China. Esse otimismo limitou a demanda pelo euro, que tende a se beneficiar mais em ambientes de maior apetite por risco, e ao mesmo tempo sustentou o dólar em meio à realocação dos fluxos globais de risco.
Avanço nas negociações entre EUA e China impulsiona o sentimento em relação ao dólar
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que espera reduzir as tarifas sobre produtos chineses em troca da promessa de Pequim de restringir as exportações de precursores químicos do fentanil. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, acrescentou que autoridades chinesas também podem concordar em aumentar as compras de soja dos EUA e cooperar no controle de componentes usados na produção da substância.
BCE deve manter juros estáveis, mas com flexibilidade
Na Europa, o Banco Central Europeu também se reúne nesta quinta-feira, e os analistas esperam amplamente que não haja mudança nas taxas de juros pela terceira reunião consecutiva. A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou recentemente que as condições atuais de política monetária permanecem “em um bom ponto” e destacou uma abordagem baseada em dados para futuras decisões.
Com a inflação da zona do euro mostrando sinais de moderação e o crescimento apresentando estabilização gradual, espera-se que o BCE reafirme seu otimismo cauteloso, evitando, contudo, comprometer-se com uma trajetória específica de juros.
Os traders analisarão cuidadosamente os comentários de Lagarde em busca de menções sobre possíveis flexibilizações de política em 2025 ou 2026, já que o mercado agora precifica uma probabilidade de 80% de corte de juros em 2026 — uma mudança significativa em relação ao tom mais hawkish de setembro.
Perspectiva técnica: níveis-chave a observar
Do ponto de vista técnico, o EUR/USD permanece sob leve pressão após não conseguir sustentar ganhos acima da região de 1,1700 no início da semana. O suporte imediato está em 1,1600, seguido por 1,1565, enquanto as resistências aparecem em torno de 1,1680 e 1,1735.
O Índice de Força Relativa (RSI) de 14 dias permanece próximo à zona neutra, indicando falta de direção clara no curto prazo. No entanto, se o Fed surpreender com um comunicado mais dovish do que o esperado, o par pode recuperar o ímpeto de alta em direção à região de 1,1800.
Até lá, é provável que o par continue operando dentro de uma faixa entre 1,1600 e 1,1750, enquanto os investidores aguardam novos catalisadores de ambos os lados do Atlântico.
Força do dólar depende do tom de Powell
Com reuniões consecutivas de bancos centrais e uma discussão decisiva entre EUA e China, esta semana pode definir o rumo dos mercados cambiais globais no último trimestre do ano.
Se Powell indicar que os cortes de juros podem continuar até o início de 2026, o euro pode apresentar uma recuperação moderada. No entanto, se enfatizar a persistência da inflação e a resiliência econômica dos EUA, a vantagem do dólar provavelmente se manterá, mantendo o EUR/USD sob pressão.
Por ora, os traders permanecem cautelosos, porém atentos, equilibrando o otimismo com os avanços comerciais e a realidade de políticas monetárias divergentes entre o Fed e o BCE.


